quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O que a mão não pega, a casa da conta



O que a mão não pega, a casa da conta.



Um ditado popular, e a princípio de uso doméstico. “O que a mão não pega, a casa da conta”. Ainda que não se saiba o que aconteceu com algo, ou onde está localizada determinada coisa; onde foi guardada ou esquecida, pensou-se em guardar e não se guardou; pensou-se em contabilizar e não se contabilizou. Um dia ela aparecerá, “a coisa” ou “o objeto”, esquecido ou desaparecido vai aparecer. Um dia a casa vai dar contas do desaparecimento, vai mostrar onde “a coisa” ou “o objeto”, “o trem”, “o treco” está, esteve, ou estava. Onde ficou esquecido, longe dos olhos e das vistas do dia a dia. O referido “objeto” ou “coisa” só não aparecerá, se algum inescrupuloso fizer o favor de se aproveitar, e surrupiar, esconder e se calar. Aproveitar-se do esquecimento ou da desorganização alheia.

Até alimentos esquecidos ou largados por desleixo, em cantos escondidos pela casa, um dia aparecem. Um pacote de biscoitos ou salgadinhos, aberto e não terminado, podem estar no final das trilhas de formigas. As hortaliças esquecidas lá no fundo da geladeira, um dia serão denunciadas pela sua cor amarelada. A fruta esquecida na fruteira, um dia será lembrada primeiro pelo cheiro de fruta muito madura, e depois pelo odor de podridão. O lixo esquecido de ser despachado será denunciado, pelo odor da sua putrefação. 

Uma arrumação no fundo da casa ou no fundo do quintal, uma arrumação dos fundos de um armário ou no fundo de uma gaveta traz de volta coisas esquecidas ou desaparecidas. Uma arrumação nas estantes traz de volta ideias e livros esquecidos, areja os livros e oxigena as ideias. 

Os finais dos anos são marcados em muitas casas, como uma época de arrumação, consertos e reparos, pinturas e reformas, para que tudo possa estar em seu lugar quando um novo ano recomeçar.  Começa com uma ação de armar uma árvore de Natal, ou um presépio. Um armar sugerindo um planejar, item por item. A cada ano pode ser acrescentado um novo detalhe na árvore de natal ou no presépio. A palavra Natal vem de natalício, nascimento e renovação. Ano Novo e Vida Nova, reinício e começo de uma nova era. 

Ainda que formigas ou baratas ataquem restos de biscoitos ou outras guloseimas, restarão as embalagens. Só os ratos encontram restos de comida e carregam para seus esconderijos. E ratos que tem adoração por outros tipos de coisas e objetos, não alimentícios ou não perecíveis, também poderão subtraí-los com objetivo de levar para suas tocas ou casas. 

O que a mão não pega, a casa da conta. Um ditado bem antigo, que parece andar muito pouco lembrado nas esferas governamentais. Atitudes e comportamentos que afetam a ética, colocando em duvida o caráter, quando partimos da premissa que o aprendizado e os bons costumes partem de um exemplo, dado por aqueles que detêm um comando e um poder. 

Tornou-se um modismo dizer que não se sabe de nada, do que acontece, e principalmente do que aconteceu dentro dos limites de uma casa. Seja ela de uso privativo e particular ou de uso público e governamental. Um modismo aplicado nas esferas do governo que pode contaminar esferas sociais a níveis domésticos.

O olhar do dono é que engorda o gado, ainda que a grama do vizinho possa parecer mais verde. 

Em uma Era das informações e inovações, diversas estratégias já foram criadas para permitir um controle do que acontece em um espaço delimitado, independente de seu tamanho. A começar pela invenção das chaves, que hoje são senhas. A posse de uma chave de uma casa deveria ser como uma senha, pessoal e intransferível. Deixar senhas e chaves ao alcance dos outros é o mesmo que deixar uma porta aberta convidando a que passe, usar e desfrutar, entrar e sair sem somar e só subtrair. Balanços e balancetes, checklist e conferencias apontam entradas e saídas, aparecimentos e desaparecimentos.

E como dizia a minha avó: O que a mão não pega, a casa da conta. E agora outras casas podem dar conta daquilo que não lhes pertencem, basta um pequeno descuido na colocação de fotos em redes sociais.... A animação das festas deixa transparecer atos furtivos, que acabam por confirmar suspeitas.

RN 24/12/14



domingo, 21 de dezembro de 2014

O Fim de uma história




O Fim de uma história

Estavam todos ali reunidos para a despedida final. Todos reunidos em volta do caixão ainda aberto, para as ultimas orações e ultimas despedidas. O representante do sacerdócio religioso fez sua fala fúnebre, cerimonial e religiosa, e convocou o grupo para que rezassem. 

Terminada a reza um familiar próximo fez um sinal para que fechassem o caixão e seguisse os procedimentos finais do funeral, baixar o caixão até o fundo da cova. Neste momento reinava um silencio sepulcral. Quebrado apenas pelos gritos de um gavião que rodopiava nas alturas, em meio ao sol quente.

No meio do silencio das vozes pálidas, surge outro grupo caminhando em silencio. Seguem caminhando lentamente pelos atalhos do campo santo, como se não quisessem atrapalhar o descanso dos que ali repousavam. Aproximaram-se do funeral formando um semicírculo para que todos se colocassem em condições iguais, na chegada de um lugar que entendiam como um destino final. Aproximaram-se e pararam a uma distancia que podia ser chamada de posição de respeito, aos que participavam do funeral. De um modo gestual ordenaram a paralisação do cerimonial. O ranger das roldanas foram silenciando lentamente. Cada gesto dos presentes era calculado e milimetrado. Quando o movimento de descida parou junto com o ranger das roldanas, uma nova ordem gesticular. Retirem o caixão de volta. O gavião parara de gritar.

Novos olhares de espantos que tentavam sussurrar, mas não se atreviam diante de tal situação. Novamente o silencio é quebrado pelas roldanas, que agora giravam em sentido contrário, retornando o caixão de uma viagem já realizada. O movimento ao contrario era mais penoso pela subida, um sacrifício ainda maior por não entender como um corpo franzino podia pesar tanto. Por fim o caixão chegou ao nível do solo, e ali ao lado foi depositado.

 O silencio das vozes que era sepulcral, torna-se um silencio tumular, com uma expressão oculta em cada olhar. Ninguém se mexia, estavam todos estatizados com a situação. Um misto de medo e suspense, do que poderia acontecer pelos próximos minutos. Seria uma ação de meliantes dentro de um cemitério? Qual seria a real intenção daquele grupo? No meio de tantas covas rasas, não havia locais para correr ou se esconder. Melhor seria aguardar os acontecimentos e rezar, silenciosamente, nada de desesperos. Cada um deveria fazer suas orações em silencio, para não criar melindres com o grupo recém-chegado. E assim aconteceu.

Passado alguns instantes, já havia tempo suficiente para que cada presente pudesse ter visto os rostos daqueles componentes do grupo que ali se apresentava. Com gestos discretos cada um pode girar seu globo ocular para todas as direções sem outro músculo aparente movimentar.

Aos poucos as expressões de medo foram se ausentando de cada face, restando uma expressão de suspense ou surpresa, e assumindo agora uma expressão de uma situação geral de espanto. Alguns membros do grupo eram conhecidos de muitos daqueles ali presentes. Cada membro do grupo podia conhecer ou reconhecer, ou um ou outro, membro do grupo que ali chegara ao ultimo momento cerimonial. Poderiam mesmo até estar ali, para prestar uma ultima homenagem. 

Todos já sabiam ou pressentiam que não se tratava de uma ação marginal. Eram pessoas do bem. Mas porque não haviam chegado mais cedo? Porque não chegaram ao cerimonial ao tempo de participar, como todos os outros presentes. Ainda reinava um suspense.  Um misto de calor e de frio circulava entre as pessoas. Só uma brisa assobiava nos ouvidos atentos. Grandes besouros de asas batentes circulavam entre as flores. Por fim os novos participantes se posicionaram em volta do caixão, e o abriram novamente, expondo o corpo que acabara de ser velado e quase enterrado. Retiraram o corpo e o depositaram sobre o chão de terra.

Começaram por investigar cada parte do caixão, como quem procura algo escondido em paredes e fundos falsos, não encontravam nada. Terminada uma suposta vistoria no caixão, passaram a revistar o corpo, seus bolsos e seu paletó. A situação começa a ficar cada vez mais intrigante. O que estariam procurando? Estaria o defunto ou aquele grupo participando de ações secretas que nunca foram imaginadas? Seriam um grupo tão secreto que ao longo de vidas não tivessem deixado pistas de suas ações? Cada presente naquele momento imaginava histórias nunca antes imaginadas. Por fim pararam ou desistiram de procurar aquilo que ninguém imaginava o que seria. 

Alguns do novo grupo se juntaram, e de um único gesto, recolocaram o corpo novamente no caixão. Terminaram aquela remoção e limparam suas mãos umas nas outras, como se quisessem espanar a terra acumulada nas mãos, e em um gesto de limpeza por tocar em um corpo que já tinha ido ao fundo da sepultura. Pensaram e murmuraram em uma só voz; pela primeira vez o grupo emitia uma voz. Parece que desta vez ele esta saindo sem levar nada.

 Os participantes tiraram lenços brancos de dentro dos bolsos para finalizar a operação de limpeza e desinfecção de suas mãos. Limparam as mãos nos lenços, deixando resíduos de terras nos tecidos que antes eram bem alvos. Limparam as mãos com os lenços, depois embolavam-os de qualquer maneira e atiravam dentro do caixão. Fizeram seu ultimo olhar ao morto virando de costas, para o caixão. E com uma expressão clara percebida por todos os presentes, seus pensamentos e suas ações: “leve estes lenços como sua ultima subtração”. Terminaram seus objetivos e tarefas, e voltaram para a mesma direção de onde chegaram. Revistaram tudo e não encontraram nada, assim parecia ter acontecido. Não acharam nada, não retiraram nada e não falaram mais nada.

A viúva aproximou-se do caixão, e observando tantos lenços sujos e embolados seus olhos brilharam. Brilharam tanto que pareciam que iam se debulhar em lágrimas. Ela não chorou, e avidamente recolheu todos os lenços, um por um. E os guardou onde conseguiu guardar, sem se preocupar com sujeiras ou observações. Na pressa de recolher todos os lenços, foi colocando-os onde podia ou onde cabiam: nos bolsos, presos a cintura ou juntos do sutiã. Parecia a ela não haver um corpo ali á sua frente, só lenços.

Todos entenderam sua intenção de recolher os lenços. Lavar, quarar, secar e passar, para depois guardar. E quem sabe não pudesse entregar pessoalmente, já limpos e perfumados. Ela sabia que em breve iriam se encontrar, e novas subtrações juntos poderiam realizar. 

O destino como sempre, tem uma peça ou uma lição a contar. Em uma sepultura ao lado estava escrito, uma frase para quem quisesse observar: Nenhuma herança é tão rica quanto a honestidade (Willian Shakespeare). O gavião começava novamente a gritar.





Natal/RN 21/12/14

Texto disponível em:









sábado, 15 de novembro de 2014

Entre a horta e o mercado



Entre a horta e o mercado



Uma breve analise do “Catálogo Brasileiro de Hortaliças” editado por Embrapa e SEBRAE. Brasília (DF): 2ª Edição – 2011. Consultando o referido catálogo descobri o quanto venho sendo enganado durante anos. Enganado pelos feirantes e pelas redes de supermercados. A citada publicação tem como subtítulo: “Saiba como plantar e aproveitar 50 das espécies mais comercializadas no País”. Publicação de distribuição gratuita sendo permitida a reprodução total ou parcial, desde que citada a fonte. Cumpridas as exigências editoriais e intelectuais tenho algumas breves observações ao catalogo, na condição de consumidor de hortaliças. E o catálogo parece ser voltado a consumidores e pequenos produtores. 

Folheando o catálogo descobri que acelga é uma hortaliça, bem diferente da que estou, e estamos acostumados a ver em feiras, mercados e supermercados. A hortaliça com folhas compactadas e tronchudas encontradas no comercio são na verdade a couve chinesa ou repolho chinês, que é conhecida erroneamente de acelga, segundo a publicação (p 30). Talvez o nome que referencie tanto China, seja por ser um ingrediente na comida chinesa, que vem invadindo o comércio de alimentação com restaurantes. E se realmente os chineses são um grande potencial de consumo, ao visitar feiras e mercados, devem querer encontrar seus produtos e ingredientes, tal como conhecem. O freguês sempre tem razão, diz um velho ditado dos comerciantes. Os chineses descobriram a pólvora e pequenos carrinhos que vem invadindo as ruas brasileiras.

O melão é mostrado na publicação com nome vulgar de melão mesmo. A publicação é ilustrada com um melão amarelo. Um melão que já participa das gôndolas e prateleiras de mercados e feiras há muito tempo. Embora seja possível encontrar nas feiras, nos mercados e supermercados de Natal/RN mais de cinco variedades de melão, com formas, colorações e tamanhos diferentes. Diz ser uma fruta parecida com melancia, embora as melancias não sejam ocas como é o caso dos melões.

O inhame é apresentado como o antigo cará. Não compreendo como uma hortaliça tem um nome antigo, e um nome atual, se seu nome científico é imutável e o nome popular emana do povo. Diz que é uma planta trepadeira com tubérculos. Ao final da descrição menciona que em outras partes do país pode ser conhecido como cará (p. 36). O antigo inhame agora tem nome de taro (p. 56). E agora ficamos perdidos entre carás, inhames e tarôs, que podem ser transformados em pastas e farinhas, diluídos e misturados em sopas e caldos.

Seria o sistema S, um vírus intelectual para mudar conhecimentos adquiridos ao longo de uma história? Um vírus capaz de devastar as culturas de povos e civilizações? Uma modificação de culturas. A partir dos pontos de vista da agricultura com culturas de vegetais; e cultura com conhecimentos criados e adquiridos ao longo da história da civilização. Culturas com comportamentos e alimentos, nos modos de preparar e de se alimentar.

O Sistema S vem atuando na vida de empreendedores, do meio urbano e rural. Atua com certa insistência e imposição, de criar produtos, e criar empresas que possam vender os mesmos produtos. Produtores e produtos que são formatados com orientação do SEBRAE e com a nova empresa que atua no meio rural (SENAR), a mais nova composição do Sistema S.
O meio rural nordestino é incentivado a gastar e desperdiçar aquilo que tem de mais precioso, a água.  A falta da água que durante décadas motivou o sertanejo abandonar criação e plantação. E agora com episódios de secas o Sistema S vem mostrar que o agronegócio pode ser um bom negócio.

A oferta de água é usada e exportada tal como na era colonial, eram o ouro e as pedras preciosas, despachados em estátuas ocas. Onde era possível esconder os minerais. O episódio histórico ficou na mente popular, conhecido como santo do pau oco. “Santo do pau oco e o contrabando de minerais“, por Roberto Cardoso:  http://komunikologie.blogspot.com.br/2013/02/santo-do-pau-oco-e-o-contrabando-de.html.


Entre Natal/RN e Parnamirim/RN ─  15/11/2014







Escrito para blogs:

di Gestão do Conhecimento

Arrochando o Nó

Palavras Chaves: gestão; qualidade; conhecimento

Palabras Clave: gestión; la calidad; el conocimiento

Key Words: management; quality;  knowledge




CMEC/FUNCARTE
Cadastro Municipal de Entidades Culturais da Fundação Cultural Capitania das Artes

Natal/RN


Roberto Cardoso
(Maracajá)

Desenvolvedor de Komunicologia







PRÊMIO
DESTAQUES DO MERCADO - INFORMATICA 2013
Categoria Colunista em Informática




Candidato Finalista

PREMIO DESTAQUES DO MERCADO INFORMATICA 2014


Categoria: Colunista em Informática
Categoria: Segurança da Informação

Informática em Revista-Natal/RN








Desenvolvedor de Komunicologia


Cientista Social
Jornalista Científico
Reiki Master & Karuna Reiki Master


Colunista/Articulista
Informática em Revista - Natal/RN
Informática em Revista - João Pessoa/PB
Sócio Efetivo do INRG
(Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia
Sócio Efetivo do IHGRN
(Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte)


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